A região dos Jardins ganha uma nova galeria e, junto com ela, o ideal de dar espaço e voz à Arte e artistas contemporâneos.

La petite galerie expérimentale” Nena Cairo e o seu idealizador, Sergio Gregorio

Sergio Gregorio, o grande idealizador do espaço, concebeu aquela que ele chama de “a menor galeria de arte contemporânea da cidade de São Paulo”.

De fato, a área de exposição é de cerca de 30 metros quadrados, considerando paredes oblíquas versus o pé direito duplo – mas só numa parte da construção. Toda branca – paredes, teto e escada espiralada que conduz ao mezanino –, com ampla janela de vidro que faz as vezes de vitrina, a menor galeria da cidade é pra lá de expressiva em termos conceituais.  

Trata-se da Nena Cairo, nome ao qual o seu idealizador soma breve frase explicativa: la petite galerie expérimentale (a pequena galeria experimental).

Artista plástico vivido, com muitas exposições individuais em seu currículo, Sergio Gregorio desta vez resolveu fazer seu voo solo de forma integral: abrir a própria galeria, expor trabalhos próprios e, principalmente, trazer nomes e novas vozes das artes para este espaço de exposição.

São muitos os pontos para expor arte na Cidade, todos bem situados e instalados, assim como bastante disputados. Este último quesito, aliás, foi um dos principais motivos para que Gregorio partisse para este investimento.

A localização não poderia ser outra, os Jardins. Na procura, o artista, que teve ateliê tanto em locais exclusivos como na própria casa, encontrou no número 2212 da Rua Augusta o endereço ideal para dar vida ao projeto que vinha sendo idealizado há tempos.

Meticuloso, Gregorio idealizou pessoalmente cada detalhe da composição. Aproveitando o pé direito duplo e o gradil original do mezanino, colocou ali a levíssima instalação, branca, harmoniosa, que explora na volumetria as possibilidades estéticas da esfera de EPS (isopor).

Sphere foi também o nome dado à mais recente mostra realizada na galeria Nena Cairo, com trabalhos de Sandra Harabagi, Sílvia Mello e do próprio Sergio Gregorio.

Ele explica: “Quando pensamos em esferas, muitas vezes associamos seu formato ao uso no cotidiano ou em atividades esportivas. Esta configuração, porém, antes mesmo de ser traçada em objetos, ou redefinida pela geometria euclidiana e/ou cartesiana, está na Geo em toda a sua essência”, diz, lembrando que “observar o mundo nos traz reflexões importantes e eternas; nossas origens, nossas vivências, adaptabilidade do sensível e/ou da própria razão”.

Sphere, mostra com trabalhos dos artistas Sandra Harabagi, Sílvia Mello e Sérgio Gregório (Fotos: Moda é Notícia)

Côncavo e convexo

Sílvia Mello atua nas Artes Visuais, com um trabalho conceitual calcado em formas geométricas. Nesta linha, a geometria está presente nas peças apresentadas, valorizadas pelas cores puras.

Sandra Harabagi transita pelas artes e pela moda, com longa experiência acadêmica associada à criação autoral. É da moda que ela extrai a habilidade com os têxteis, explorando superfícies, texturas e formas, com uma palheta de cores que vai dos neutros às tonalidades mais profundas.

Sergio Gregorio, por sua vez, faz interferências utilizando, por exemplo, o metal, aplicado ao EPS ou prescindindo dele, para que somente o arame trabalhado seja a representação da esfera. Com a tinta, referencia o jogo de brilho e opacidade que aguça o olhar observador.

São atribuições de Gregorio a direção, curadoria e o formato de apresentaçãodas obras. “A meia esfera dá a noção da totalidade de cada obra”, assinala, ao explicar a distribuição das peças sobre o suporte da exposição – que é a própria parede da galeria. “Algumas foram colocadas sobre círculos coloridos, outras sobre espelhos”, comenta, acrescentando que o visitante chega à intepretação da obra a partir deste senso de observação.

La petite galerie expérimentale Nena Cairo está instalada na loja de número 20 da que é a Galeria Flórida, na Rua Augusta. O nome escolhido por Sergio Gregorio para o seu espaço de exposições é o da mãe, Nena Cairo, que foi sempre grande incentivadora de sua carreira e projetos. Homenagem mais do que digna e merecida.

“A configuração da esfera, antes mesmo de ser traçada em objetos ou definida pela geometria euclidiana e/ou cartesiana, está na Geo em toda a sua essência”
A levíssima instalação, branca, harmoniosa, pende do mezanino da galeria e explora na volumetria as possibilidades estéticas da esfera, produzida em EPS
Sobre a mesa também idealizada por Gregorio, mais um estudo em torno do tema Sphere. Ao fundo, obra da artista Sandra Harabagi.

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